O primeiro Adventista do Sétimo Dia a visitar o Brasil - Quem foi o pastor Lawrence Creighton Chadwick?

O primeiro Adventista do Sétimo Dia a visitar o Brasil - Quem foi o pastor Lawrence Creighton Chadwick?

por Diego Rocha

 

 

Tradicionalmente se entende que o primeiro adventista do sétimo dia a chegar ao Brasil foi o colportor Augustus Stauffer (em 1893) e o primeiro pastor adventista foi o Pr. Frank Westphal (em 1895). Todavia, veremos a seguir que não é o caso. Pode-se ainda argumentar que Stauffer and Westphal foram os primeiros a trabalharem em terras brazileiras (grafia da época). Isso também vai depender de como definimos “trabalho”.

De forma alguma pretende-se diminuir o impacto da influência de Stauffer e Westphal! Estes e outros são nossos heróis e ancestrais na fé. Contudo, é também de suma importância lembrarmos daqueles personagens menos famosos, especialmente em 2025, quando comemoramos 130 anos de alguns marcos da IASD no Brasil.

             

Quem foi L.C. Chadwick?

 

Chadwick nasceu em 20/7/1858 no condado de Chautauqua, estado de Nova York. Filho de Benjamin Franklin Chadwick e Maria Rowe. Foi pastor ordenado da IASD (ordenado em 19/9/1891, em Battle Creek) e presidente da Sociedade Internacional de Tratados.

Aqui apresentamos uma biografia sucinta e poderemos falar mais detalhes de sua vida em um outro artigo.

 

 

Chadwick no Brasil em 1892

 

Abaixo temos a tradução da carta enviada à Associação Geral a partir do Rio de Janeiro. Carta publicada na Review and Herald em 16 de agosto de 1892:

 

DESDE CLIMAS DO SUL

 

"Eu parti de Barbados no dia 14 de junho, e após uma viagem muito agradável, cheguei ao Rio de Janeiro na manhã do dia 30 de junho. Passamos pelo Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia no caminho. Tive minha primeira ideia real da magnitude do rio Amazonas quando navegamos por uma de suas desembocaduras, que era tão larga que podíamos apenas distinguir objetos grandes em uma das margens do rio com a ajuda de potentes óculos, enquanto que a outra margem era totalmente invisível devido à sua distancia de nós. Eu fiz visitas rápidas em todos estes portos, enquanto o navio estava descarregando, e coletei informações muito valiosas.

"Tínhamos cerca de quarenta passageiros a bordo, a maioria americanos e espanhóis. Estávamos no mar apenas um domingo, quando falei no salão social a convite do capitão e, no final do dia, falei com os marinheiros no convés principal.

"Já passei três dias no Rio de Janeiro, e devo partir hoje (3 de julho), para Buenos Aires. Quando meu trabalho terminar na República Argentina, espero voltar aqui para uma curta estadia a caminho da África. Diz-se que este é o maior porto do mundo, e certamente é muito bom. Medindo todas as suas enseadas e baías, são 128 milhas ao seu redor. Sua entrada é estreita e bem protegida. A febre amarela é quase totalmente reduzida aqui, embora ainda esteja ativa em Santos. Encontramos um navio a vapor com destino ao norte em Pernambuco, que havia perdido seu capitão, comissário e engenheiro-chefe, por causa dessa doença, e vários outros de sua tripulação estavam à beira da morte.

"Estou me acostumando a ver o sol no norte, e o cruzeiro do sul é um objeto bastante familiar. O clima é bastante frio e os sobretudos são muito procurados.

"Recebi a triste informação da morte de minha mãe, que havia sido enterrada um mês antes de eu saber que ela estava doente. Tais são as incertezas da vida, e a pessoa as sente mais intensamente quando está tão longe de casa que a grama pode estar crescendo sobre os túmulos de seus entes queridos antes que ele saiba de sua morte. Espero me juntar aos nossos colportores em Buenos Aires em cerca de uma semana e apresentarei um relatório a partir de lá."

 

L.C. Chadwick

 

Chadwick espiou a terra, Stauffer e outros a conquistaram

 

              Na vigésima-nona sessão da Associação Geral em março de 1891, William White (filho de Tiago e Ellen), apresentou um relatório sobre a América do Sul aos delegados. Ele discorreu brevemente sobre cultura, línguas, história e religião dos países do “continente negligenciado” e os chamou de “nossos primos sul-americanos”. Tais informações de aspectos gerais de um país eram consideradas importantes para abertura e avanço da missão da igreja. As viagens de reconhecimento, portanto, foram também estratégias missionárias adotadas pela Comissão de Missões Estrangeiras.

Nao sabemos exatamente que tipo de informação Chadwick coletou quando diz “eu fiz visitas rápidas em todos estes portos e coletei informações muito valiosas”, mas certamente não podemos dizer que ele não trabalhou. Talvez possamos dizer de forma alegórica, baseado nos documentos que temos no momento, que Chadwick entrou na terra para “espiar” e fazer reconhecimento, assim como os 12 espias o fizeram na terra prometida. Stauffer, Snyder, Thurston, Westphal, Graf e outros vieram depois para “conquistar” a terra.

Mas Chadwick não passou apenas pelo Brasil. Sua viagem de desbravamento iniciou-se no México, passou pela América Central, América do Sul e oeste da África. Ficou quase 2 anos fora de casa.

 

Foto equivocada

 

              Por alguma razão a imagem abaixo em algum momento foi associada com L.C. Chadwick, todavia esta não parece ser uma foto dele. Na internet existe uma foto idêntica a esta e é atribuída ao político mexicano Aquiles Serdán.


 

Triste fim

 

Lawrence Chadwick recebeu disciplina da igreja por conduta desonesta. Deixou a igreja Adventista em 1893, tornando-se batista, onde também serviu como pastor. Veio a falecer no dia 17/07/1912 em sua casa, em Idaho, quando estava limpando um rifle, que acidentalmente disparou atingindo seu estômago. Deixou esposa e filha, a qual estava longe de casa, no leste do país.

Chadwick também pertence a galeria dos pioneiros do Brasil, América do Sul, América Central e África e deve fazer parte da historiografia Adventista dos locais por onde passou e trabalhou.

 

 

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